quarta-feira, março 18, 2009

ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL

A estratificação social indica a existência de diferenças, de desigualdades entre pessoas de uma determinada sociedade. Ela indica a existência de grupos de pessoas que ocupam posições diferentes.
São três os principais tipo de estratificação social:
Estratificação econômica: baseada na posse de bens materiais, fazendo com que haja pessoas ricas, pobres e em situação intermediária;
Estratificação política: baseada na situação de mando na sociedade (grupos que têm e grupos que não têm poder);
Estratificação profissional: baseada nos diferentes graus de importância atribuídos a cada profissional pela sociedade. Por exemplo, em nossa sociedade valorizamos muito mais a profissão de médico do que a profissão de pedreiro.
É importante ressaltar que todos os aspectos de uma sociedade – economia, política, social, cultural, etc. – estão interligados. Assim, os vários tipos de estratificação não podem ser entendidos separadamente. Por exemplo, as pessoas que ocupam altas posições econômicas em geral também têm poder e desempenham posições profissionais valorizadas socialmente.
Também importante lembrar que a constituição de sociedades estratificadas socialmente é um fenômeno histórico; ou seja, as diferenciações sociais e a formação de suas características ocorrem em função de processos históricos explicáveis dentro de suas próprias lógicas. Portanto, não são fenômenos "naturais", derivados de alguma lógica exterior ao próprio ser humano. São processos construídos por agentes humanos que se opõem, sob a forma de grupos, no campo do conflito.
A estratificação social é a divisão da sociedade em estratos ou camadas sociais. Dependendo do tipo de sociedade, esses estratos ou camadas podem ser: castas (Índia), estamentos (Europa Ocidental durante o feudalismo) e classes sociais (sociedades capitalistas).
Castas
Existem sociedades em que os indivíduos nascem numa camada social mais baixa e podem alcançar, com o decorrer do tempo, uma posição social mais elevada. No entanto, existem sociedades em que, mesmo usando de toda a sua capacidade e todo os seus esforços, o indivíduo não consegue alcançar uma posição social mais elevada. Nesses casos, a posição social lhe é atribuída por ocasião do nascimento, independentemente de sua vontade e sem perspectiva de mudança. Ele carrega consigo, por toda a vida, a posição social herdada.
A sociedade indiana é estratificada dessa maneira; um sistema de estratificação social muito rígido e fechado que não oferece a menor possibilidade de mobilidade social. É o sistema de castas que, por exemplo, permite casamentos apenas entre pessoas de uma mesma casta. Tal sistema de castas foi abolido oficialmente em 1947, mas a força da tradição faz com que persista, na prática, até os dias de hoje.
Estamentos
A sociedade feudal da Europa na Idade Média foi um exemplo típico de uma sociedade estratificada em estamentos.
Estamento ou estado é uma camada social semelhante à casta, porém mais aberta. Na sociedade estamental a mobilidade social ascendente é difícil, porém não impossível, como na sociedade de castas.
Na sociedade feudal, os indivíduos só muito raramente conseguiam ascender socialmente. Essa ascensão só era possível em alguns casos: quando a Igreja recrutava, em certas ocasiões, seus membros entre os mais pobres, caso o rei conferisse um título de nobreza a um homem do povo, ou ainda se a filha de um rico comerciante casasse com um nobre, tornando-se, assim, membro da aristocracia.
Essas situações eram difíceis de acontecer e normalmente as pessoas permaneciam no estamento em que haviam nascido.
Classes sociais
Podemos dividir a sociedade capitalista em dois grupos, segundo suas situação em relação aos elementos da produção: proprietários e não proprietários dos meios de produção. As relações de produção dão origem a duas camadas sociais diferentes. A essas camadas damos o nome de classes sociais. Classicamente, designamos essas classes sociais como burguesia e proletariado.
Apesar de ser correntemente usada para designar as camadas sociais em vários momentos da história da humanidade, esta designação é aplicada com maior precisão para a sociedade capitalista. Assim, o prestígio social, o poder político e a capacidade de consumo de luxo, de modo geral, são privilégios dos proprietários dos meios de produção.
As transformações por que passaram as sociedades capitalistas no século XX também nos mostram que houve mudanças significativas na sociedade capitalista tornando-a muito mais complexa do que em sua fase inicial de desenvolvimento. A mudança mais notável foi o crescimento de uma forte e volumosa classe média nos países centrais do capitalismo, ocupando funções nos diversos setores dos ramos de prestação de serviços e da pequena e média propriedade. Assim, a análise das sociedades capitalistas do final do século XX deve, necessariamente, levar em consideração esta camada social intermediária entre os proprietários e os não proprietários dos meios de produção.
Texto adaptado de Oliveira, Pérsio Santos de; Introdução à Sociologia, São Paulo, Ática, 1997, 17ª edição, pp. 71-80.

Alienação e Ideologia
Alienação é o fenômeno pelo qual os homens criam ou produzem alguma coisa, dão independência a esta criatura como se ela existisse por si mesma e em si mesma, deixam-se governar por ela como se ela tivesse poder em si e por si mesma, não se reconhecem na obra que criaram, fazendo-a em ser outro, separado dos homens, superior a eles e com poder sobre eles.
Na alienação social, os seres humanos não se reconhecem como produtores de instituições sociopolíticas (como, por exemplo, o Estado, a família, o casamento, a propriedade, o mercado, etc.) e oscilam entre duas atitudes: ou aceitam passivamente tudo que existe, por ser tido como natural, divino ou racional, ou se rebelam individualmente, julgando que, por sua própria vontade e inteligência, pode mais do que a realidade que os condiciona. Nos dois casos, a sociedade é o outro (alienus), algo externo a nós, separado de nós e com poder total ou nenhum poder sobre nós.
A alienação social se exprime numa "teoria" do conhecimento espontânea, formando o senso comum da sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para a realidade tal como é diretamente percebida e vivida.
Um exemplo desse senso comum aparece no caso da "explicação" da pobreza, em que o pobre é pobre por sua própria culpa (preguiça, ignorância) ou por vontade divina ou por inferioridade natural. Esse senso comum social, na verdade, é o resultado de uma elaboração intelectual sobre a realidade, feita pelos pensadores ou intelectuais da sociedade – sacerdotes, filósofos, cientistas, professores, escritores, escritores, jornalistas, artistas -, que descrevem e explicam o mundo a partir do ponto de vista da classe a que pertencem e que é a classe dominante da sua sociedade.
Essa elaboração intelectual incorporada pelo senso comum social é a ideologia. Por meio dela, o ponto de vista, as opiniões e as idéias de uma das classes sociais – a dominante e a dirigente – tornam-se o ponto de vista e a opinião de todas as classes e de toda a sociedade.
A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Indivisão: apesar da divisão social das classes, somos levados a crer que somos todos iguais porque participamos da idéia de "humanidade", ou da idéia de "nação" e "pátria", ou da idéia de "raça", etc. Diferenças naturais: somos levados a crer que as desigualdades sociais, econômicas e políticas não são produzidas pela divisão social de classes, mas por diferenças individuais de talentos e de capacidades, da inteligência, da força de vontade maior ou menor, etc.
A produção ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais, corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que vivemos e as idéias.
Adaptado de Chauí, Marilena; Convite à Filosofia, São Paulo, Ática, 1995, pp. 170-174

Ideologia:
O termo foi criado por Destut De Tracy (Idéologie, 1801) para indicar " a análise das sensações e das idéias", segundo o modelo de Condillac. A ideologia foi a corrente filosófica que assinalou a transição do empirismo iluminista ao espiritualismo tradicionalista que floresceu na primeira metade do século XIX.
Dado que alguns ideólogos franceses lhe foram hostis, Napoleão adotou o termo em sentido depreciativo, chamando de "ideólogos" aos "doutrinários", ou seja, as pessoas privadas de sentido político e, em geral, sem contato com a realidade.
Neste momento se inicia o significado moderno do termo que se aplica, não a uma espécie qualquer de analise filosófica, senão a uma doutrina mais ou menos privada de validade objetiva, porém mantida pelos interesses evidentes, ou escondidos dos que a utilizam.
A noção de Ideologia, neste sentido, resulta, na segunda metade do século XIX, fundamental para o marxismo é um de seus maiores instrumentos polêmicos contra a cultura denominada "burguesa". Marx afirmou a dependência das crenças religiosas, filosóficas, políticas, morais, das relações de produção e de trabalho, tal como se constituíram em toda fase da história econômica – é a tese do materialismo histórico. Por essa concepção entende-se ideologia como o conjunto dessas crenças, enquanto não tem outra validade que a de expressar uma determinada fase das relações econômicas e, portanto, de servir à defesa e aos interesses que prevalecem em cada fase dessas relações de produção.
Em 1916, Vilfrido Pareto. A noção de ideologia corresponde, em Pareto, a uma teoria não-científica, ou seja, uma teoria não lógico-experimental. Ciência e ideologia pertencem assim a dois campos separados que nada têm em comum: a primeira ao campo da observação e da razão, a segunda ao campo do sentimento e da fé. Conclui que a ideologia tem como função, em primeiro lugar, persuadir, isto é, dirigir a ação.
Mannheim, outro teórico da ideologia, distingue um conceito particular e um geral do termo ideologia. No sentido particular se entende "ao conjunto das imitações mais ou menos deliberadas de uma situação real, com cujo exato conhecimento contrastam os interesses dos que sustentam a ideologia mesma". No sentido mais geral se entende ideologia por "visão de mundo" de um grupo humano, uma classe social, por exemplo. Mannheim distingue ideologia de utopia, afirmando que a utopia se realiza enquanto a ideologia não.
Portanto, em geral, se pode denominar Ideologia a toda crença adotada como controle dos comportamentos coletivos, entendendo o termo crença em seu significado mais amplo, como noção que compromete a conduta e que pode ter ou não validade objetiva. Assim entendido, o conceito de ideologia resulta puramente formal, já que pode ser adotada como Ideologia tanto uma crença fundada sobre elementos objetivos, como uma crença totalmente infundada, tanto uma crença realizável como uma crença não realizável. O que faz da ideologia uma crença não é, com efeito, sua validade ou falta de validade senão sua capacidade de controle dos comportamentos em uma situação determinada.
(Diccionario de filosofia; Nicola Abbagnano)
Poder
Max Weber: Potência significa toda oportunidade de impor sua vontade no interior de uma relação social, até mesmo contra resistências, pouco importante em que repouse tal oportunidade. O poder, assim, existe quando uma potência se explicita de uma maneira muito precisa, sob a forma de uma ordem dirigida a alguém que deve cumpri-la.
Talcott Parsons: o poder político é a aplicação de uma capacidade generalizada que consiste em obter que os membros de uma coletividade cumpram determinadas obrigações legitimadas em nome de fins coletivos, e que, eventualmente, permite forçar o recalcitrante (aquele que resiste) através de sanções situacionais negativas (penalidades).
Adaptado de Lebrun, Gerard, O que é Poder, São Paulo, Brasiliense, 1983, pp. 12-14

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